IX Encontro de Iniciação Científica & VIII Encontro de Extensão

Eleições Para Além do Voto: As Ciências a Serviço da Cidadania

Juazeiro do Norte - CE


ISSN 1984-1876Setembro/2016

Arquitetas (in)visíveis? A mulher na história da arquitetura

Amanda Ramile Alves Brandão1

Hévila Rayara Cruz Ribeiro2

Anna Larissa Bezerra Brito3

Caroline Muñoz Cevada4

Introdução: A arquitetura e o urbanismo brasileiro vêm tornando-se uma função feminina e jovem desde as últimas décadas: as arquitetas já são 61% dos profissionais no mercado de trabalho ativo no Brasil, e 72,02% estão na faixa etária entre os 26 e 29 anos segundo dados do CAU-BR. Esses números tão relevantes hoje, só são possíveis graças à inserção da mulher no mercado e nas universidades a partir da Revolução Industrial. As mulheres vêm assumindo papeis dentro da arquitetura e mostrando o quão são capazes de obter sucesso progredindo e marcando a memória, apesar de toda dificuldade apresentada. O tema desse trabalho mostra também o quanto estereótipos incrustados na cultura influenciaram na evolução das arquitetas aumentando as dificuldades de se alcançar seus objetivos. Mesmo a Bauhaus (1919-1933), inovadora escola de arquitetura alemã do século XX que serviu de base para outras escolas ocidentais e construiu uma nova forma de ensino, se submeteu ao pensamento machista da sociedade. Apesar de possuir um discurso de que todos os estudantes teriam os mesmos direitos, independente de gênero, não era o que realmente acontecia; as mulheres que ingressavam na Bahaus eram designadas para atividades mais “femininas” ou que se assemelhavam com práticas domésticas, como a tecelagem. A desvalorização da identidade feminina como profissionais fica ainda mais evidente nos livros e catálogos sobre a escola, já que para estabelecer uma imagem apenas masculina, eles baniam ou diminuíam os nomes das estudantes e seus trabalhos, deixando de lado, deliberadamente, a contribuição das mulheres. Em contrapartida, Cambridge School, escola de arquitetura norte-americana que durante vinte e sete anos (1915-1942) se dedicou ao ensino exclusivo de mulheres, possuía uma metodologia bem diferente, pois as estudantes eram estimuladas a se envolver com os mais variados temas arquitetônicos e não se limitavam apenas a temas domésticos. Como consequência, as alunas tinham a autoconfiança e a autoestima fortalecidas além do senso de pertencimento a uma categoria profissional, e então começaram a figurar entre vencedores de concursos e mostras itinerantes; por exemplo, Eleanor Raymond que em 1961 foi homenageada pelo American Institute of Architects. Objetivo: O objetivo geral desta pesquisa é investigar o processo de evolução das mulheres que escolheram como profissão a arquitetura, desde quando a arquitetura era o simples abrigo, até os dias atuais. As referências icônicas continuam sendo majoritariamente homens, o que entra em discrepância com a atual realidade do mercado. Através da própria teoria e história da arquitetura é possível explanar as dificuldades enfrentadas pelas mulheres ao longo dos anos. Fossem essas dificuldades, o ingresso nas escolas de arquitetura e a permanência na área desejada, o reconhecimento e a valorização de suas realizações, e a remuneração que ainda hoje é distinta entre os gêneros. Metodologia: O trabalho será um estudo do estado da arte referente ao espaço ocupado pela mulher ao longo do desenvolvimento da arquitetura, realizado através de recursos bibliográficos e documentais. Conclusão: Diante da realidade próxima, muitos dos problemas vividos pelas arquitetas no século passado foram superados, confirmados com a entrega do Prêmio Pritzker de 2004 a Zaha Hadid, primeira mulher a conquistá-lo, e a Kazuyo Sejima em parceria com Ryue Nishizawa em 2010. Outros, porém, surgiram tal qual o avanço em partes, da sociedade. Ocorre que a perpetuação da cultura do machismo na sociedade atinge de forma naturalizada a atuação não só das arquitetas, mas das mulheres no geral independente da sua profissão. É necessário e relevante que se produzam documentos e escritos que enalteçam a produção feminina na arquitetura afim de não permitir que as arquitetas continuem invisíveis na história.

Palavras-Chave: Arquitetura, Mulher, Desvalorização

  1. Autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  2. Co-autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  3. Co-autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  4. Orientador, Graduação (Concluído), UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB