IX Encontro de Iniciação Científica & VIII Encontro de Extensão

Eleições Para Além do Voto: As Ciências a Serviço da Cidadania

Juazeiro do Norte - CE


ISSN 1984-1876Setembro/2016

DEMOCRACIA GREGA: LEITURA DA APOLOGIA DE SÓCRATES

Mauro Nunes Cordeiro Filho1

José Alberto Mauro Facundo de Lima Filho2

João Mendes Possiano3

Introdução: Apologia de Sócrates é uma das principais obras de Platão que revela traços a respeito da democracia grega, haja vista não revele diretamente essa nuance do pensamento do filósofo. Por seu modo de ser e pensar, Sócrates é levado ao Tribunal de Atenas para ser julgado. O fato ocorreu em 399 a.C, e é um dos fatos mais emblemáticos da Grécia Antiga. Esse é o verdadeiro assunto da obra de Platão. Composto de três partes, a Apologia de Sócrates se caracteriza por ser um discurso corrido, embora variado, permeando sobre os pontos: i) «A defesa», apresentação da defesa de Sócrates; ii) «A definição de pena», condenação de Sócrates; e, iii) «Condenação final», despedida de Sócrates do tribunal. Objetivo: Esse trabalho tem o objetivo de analisar a obra de Platão, procurando as características da democracia grega antiga e a visão do filósofo quanto a esse modo de organização política. Metodologia: Para alçarmos o objetivo do nosso trabalho, lançamos mão da observação, fazendo uma comparação entre a obra de Platão e textos de comentadores a respeito da democracia grega. Assim, foi possível compreender a contraposição entre o regime político adotado em Atenas e a percepção do idealismo platônico quanto ao desenvolvimento sociopolítico da cidade. Para isso, além de lançarmos mãos da obra do filósofo e de comentadores, confeccionamos fichas-resumo, aplicando uma reflexão crítica a esse contexto. Dado isso, podemos classificar nossa pesquisa como do tipo teórica, bibliográfica, numa abordagem qualitativa. Conclusão: A partir da leitura e análise da desenvoltura do texto de Platão, percebemos alguns elementos da democracia exercida pelos gregos na antiguidade. À propósito, fizemos um limite espacial quanto ao povo grego, vez que a análise decorre necessariamente apenas da democracia grega ateniense. Nesse sentido, a Atenas democrática é baseada em três pilares: debate, consenso e retórica e, por isso, contrapõe o pensamento de Platão. Para ele, o governo da pólis não deveria ser respaldado apenas nesses fatores, mas na verdade e justiça – elementos que não credenciam a democracia ateniense. A verdade para o filósofo é a capacidade da contemplação real do objeto que não pode ser mitigada pelo debate, não permite ser modificada pela retórica, nem acordada pelo consenso. Assim, esse sistema é visto como um regime político viciado. A falta da verdade é o que dá incoerência do governo. Pelo texto, é possível deduzir que Sócrates não acha injusto ter sido julgado. Pelo contrário, ele legitima a atitude dos jurados e cumpre sua sentença. O que é injusto é porque é o julgamento é divergente da verdade. Ou seja, sob o aspecto legal, da lei, se torna legitimo, mas, sobre o aspecto da justiça, da virtude, é imoral e injusto. Para Platão, só se pode ter uma cidade baseada na justiça, se a justiça for conhecida. Conclui-se ainda que Sócrates é fiel ao que pensava – ainda que tivesse que pagar alto preço, demonstrando a coragem que surge pela virtude do próprio homem. Não sabe o condenado, diante do resultado, se seria bom continuar vivo naquela mediocridade ou morrer evitando a fadiga, certo de que agora seriam dois caminhos: o dele, para a morte; o dos cidadãos, para a vida, mas qual delas seria mais penosa, só os deuses saberiam.

Palavras-Chave: Sócrates, Platão, Democracia

  1. Autor, Graduação (Cursando), INSTITUTO DIOCESANO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA - IDFT
  2. Co-autor, Graduação (Cursando), INSTITUTO DIOCESANO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA - IDFT
  3. Orientador, Especialização (Concluído), INSTITUTO DIOCESANO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA - IDFT