IX Encontro de Iniciação Científica & VIII Encontro de Extensão

Eleições Para Além do Voto: As Ciências a Serviço da Cidadania

Juazeiro do Norte - CE


ISSN 1984-1876Setembro/2016

GÊNERO E IRRACIONALIDADE: UMA ANÁLISE DO ESTIGMA DA LOUCURA SOBRE A MULHER

Brennda Martinelli Pinho Silva1

Isaura Caroline Abrantes Silva2

Lêvy Monteiro Teles3

Aline Gomes Holanda4

Introdução: As construções sociais acerca dos papeis designados às mulheres na sociedade sempre estiveram ligadas à esfera do privado, principalmente à reprodução e ao cuidado com os maridos e lar. A não adequação à norma padrão direcionava as mulheres a locais específicos como prostíbulos e conventos. Quando não se enquadravam nesses lugares, restava a categoria das "loucas". Estas eram distribuídas entres os manicômios judiciários e hospícios. Consideradas como inferiores, estariam mais suscetíveis a perturbações mentais, enquanto a racionalidade seria característica intrínseca ao homem. Dessa forma, a loucura enquanto uma construção sócio-histórica baseava-se mais na posição social que o sujeito ocupava, do que em critérios reais de uma patologia. Ressalta-se a importância de discutirmos os papeis de gênero, uma vez que esses atravessam as relações sociais. Destarte, é indispensável a reflexão sobre a construção social de hierarquização entre homens e mulheres, salientando o compromisso ético-político em todas as práticas profissionais, na busca por equidade e a desmistificação da mulher como ser inferior. Objetivo: Refletir sobre como as relações de gênero afetam a construção do estigma da irracionalidade relacionado à mulher. Metodologia: O presente trabalho constitui-se enquanto uma revisão bibliográfica de cunho qualitativo e exploratório. Conclusão: Fazendo-se um epítome histórico, é possível aferir que as mulheres sempre tiveram as definições de seus papéis sociais oriundas de características ligadas à esfera privada. O casamento, a maternidade, os cuidados ao marido e a impossibilidade de participação em outros contextos sociais, contraíram no decorrer dos séculos o lugar da mulher na sociedade. Nesse sentido, as teorias que vinham para legitimar o discurso da mulher acometida de distúrbios consumavam-se embasadas nas transgressões às posturas esperadas relativas às questões sociais e sexuais, às funções ideais pré-determinadas. Essa transgressão incide em medidas punitivas, provocando conflitos e delimitando as relações sociais. Dessa forma, estabeleceu-se uma conexão, constituída a partir do poder racional masculino, entre a submissão feminina e a loucura. Ao refletir sob a opressão em um sistema cultural eminentemente patriarcalista, se percebe que o feminino é constantemente usurpado de direitos, sendo até mesmo denegrido quando se remetem as mulheres como seres irracionais, motivadas exclusivamente por fatores emocionais. Tal processo pode ser visualizado com as mulheres que transgridem papéis sociais que lhes são impostos, como a delicadeza e dedicação ao espaço doméstico. Dessa forma, o estigma da loucura ainda atravessa as relações de dominação de gênero. As mulheres que tentam se desvencilhar dessas imposições são estigmatizadas como loucas, tendo discursos que são remetidos à irracionalidade e ilegitimidade, ou seja, essa relação de dominação muitas vezes é mantida a partir da manipulação psicológica que faz com que a sociedade deslegitime atitudes, falas e comportamentos da mulher, a fim de, por meio da violência emocional, desestabilizá-la e garantir um completo esfacelamento da autonomia da vítima, oprimindo-a e controlando-a.

Palavras-Chave: Loucura, Gênero, Feminino

  1. Autor, Graduação (Cursando), UNILEÃO - CENTRO UNIVERSITÁRIO
  2. Co-autor, Graduação (Cursando), UNILEÃO - CENTRO UNIVERSITÁRIO
  3. Co-autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  4. Orientador, Mestrado (Concluído), UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE