Introdução: As cidades modificam o seu traçado urbano e arquitetônico, adaptando suas necessidades de acordo com a sua época, mesmo que a custa de sobrepor-se às edificações mais antigas. Toda civilização possui sua própria história, transmitida também por suas edificações, que retêm todo um contexto sobre a sua época de construção. Com tanta relevância, é preciso ser sensível às nossas edificações históricas, como forma de preservarmos a memória do nosso passado, história essa que está a se perder, como no caso da Rua João Pessoa em Crato – CE. Objetivo: Este trabalho objetiva-se em analisar a descaracterização da arquitetura colonial na Rua João Pessoa em Crato-Ceará. Metodologia: Como metodologia, é proposta a revisão dos primeiros jornais locais como o “Jornal do Cariri” e “Gazeta de Notícias”, com foco em notícias sobre o centro comercial cratense, além de livros e todo o acervo em geral da biblioteca da Universidade Regional do Cariri (URCA), visando conteúdo sobre as influências e ocorridos no decorrer da evolução da cidade. Conclusão: A cidade do Crato foi fundada no final do século XVIII por portugueses na chama “Missão do Miranda” onde acabaram encontrando os índios Cariris que aqui já habitavam, as principais atividades da região eram o cultivo de arroz, de algodão, da mandioca, da cana-de-açúcar, das diversas frutas e da rapadura (BRÍGIDO, 1888). No início do século XIX, o Crato se limitava a poucas ruas, localizadas onde no trecho conhecido como centro da cidade, época de grande evolução urbana através do comércio e da abertura da linha férrea para a venda de sua produção para Fortaleza. Sua principal rua de comercialização era a Rua Grande, também conhecida como Rua do Comércio (atual Rua João Pessoa). Nesta rua foram construídas diversas edificações de caráter comercial e residencial. As residências eram características em apresentar estilo colonial, nas versões térrea (sem recuos; telhados de duas águas (escoando para calçadas e quintais); ou como sobrados (construções de dois pavimentos e de uso misto, em baixo eram feitos comércios e em cima ficava a residência). Nesse período, a maior parte da venda de mercadorias e de serviços eram realizadas na própria via. Com o crescimento da população e consequentemente demanda do comércio, os empreendedores necessitaram de expandir seus negócios e de novas instalações, e começaram a ocupar as edificações existentes da rua, em um processo de renovação que não era sensível à identidade da cidade e aos conhecimentos de patrimônio histórico. Na pesquisa realizada pode-se constatar que o processo de descaracterização da linguagem arquitetônica das edificações na Rua João Pessoa é um fator que ocorre desde o início do século XIX e que persiste até os dias de hoje, fator este, ocasionado por o movimento do comércio e seus diversos serviços durante o decorrer dos tempos. Esse ‘avanço’ acaba modificando as edificações de caráter histórico, ainda é possível observar rastros do colonial na parte superior de alguns dos edifícios, mas até quando essa percepção do passado será possível? É de total importância, zelar por essas construções que contem todo um passado histórico de um povo, de uma cultura e de uma região. Todos nós, governo e cidadãos, somos responsáveis por cuidar em preservá-las, garantindo um futuro respeitando o passado.