X Encontro de Iniciação Científica & IX Encontro de Extensão

Território e Desenvolvimento: criando cidades inteligentes

Juazeiro do Norte - CE


ISSN 1984-1876Setembro/2017

TRABALHO ASSOCIADO, FÉ E AUTOGESTÃO: REFLEXÕES SOBRE A ORGANIZAÇÃO PRODUTIVA NO CALDEIRÃO DA SANTA CRUZ DO DESERTO

Evelinny Soares Batista1

Fernando Iarlley do Nascimento Lopes2

Victoria Régia Arrais de Paiva3

Introdução: Dois lugares diferentes no Nordeste brasileiro. Dois períodos distintos. Distantes no tempo por apenas quatro décadas, Canudos (1896) e o Caldeirão (1936), foram palcos de um choque cultural entre a religiosidade popular e os dogmas da religião da Igreja Católica Apostólica Romana. Sob a liderança dos “beatos” os camponeses atrelaram fé e trabalho associado nas comunidades, criando melhores condições de vida a partir do cultivo sustentável da terra. No cenário político, o coronelismo e as pressões das camadas excluídas da sociedade compunham o contexto da época. A comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto foi um dos movimentos mais significativos na história da região Nordeste. Sucedeu-se em terras cearenses, tendo sido formada por um contingente de, aproximadamente, quatro mil pessoas, lideradas pelo paraibano, nato de Pilões de Dentro, José Lourenço Gomes da Silva, mais conhecido por Beato ‘Zé Lourenço’. No Caldeirão, os romeiros e imigrantes trabalhavam coletivamente em favor da comunidade e recebiam uma quota da produção. O agrupamento era pautado no trabalho, na igualdade e na religiosidade, e contava com o apoio e as orientações do Padre Cícero. É possível acompanhar o caso dessa comunidade, que, ancorada nos pilares da religiosidade, solidariedade e trabalho, incrementou a história do Nordeste brasileiro, que não poderia ser contada sem Antônio Conselheiro, Padre Cícero, José Lourenço, Lampião e tantos outros personagens. Objetivo: O objetivo é expor um fato histórico regional e analisar a sua forma de gestão coletiva baseada nos princípios da autogestão e da economia solidária. Além disso, pretende-se expor reflexões sobre trabalho desenvolvido na comunidade, fundamentados nos pilares da economia, religião e sociedade. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de campo, realizada através de uma abordagem qualitativa. A mesma ocorreu na comunidade do sítio Caldeirão, na cidade do Crato, onde buscou-se levantar um dossiê, através da audição de relatos, arquivos de jornais, páginas da web, livros didáticos, artigos científicos e dissertações sobre as motivações do ajuntamento, compreendendo e interpretando o seu comportamento diante das dificuldades enfrentadas na época. Conclusão: Por se tratar de um fato histórico, não foi possível entrevistar os protagonistas da comunidade citados neste caso. No entanto, foi possível coletar e analisar fontes de dados sobre o massacre do Caldeirão e a história do seu povo, além de poder trazer à memória a comunidade de Canudos, que ocorreu um fato semelhante. Sob a liderança dos “beatos” os camponeses atrelaram fé e trabalho associado nas comunidades, criando melhores condições de vida a partir do cultivo sustentável da terra. No cenário político, o coronelismo e as pressões das camadas excluídas da sociedade compunham o contexto da época. A gestão do beato causou impacto na burguesia dominante, que através de um bombardeio promovido pelo exército brasileiro, casou o seu fim. Porém, os ideais da comunidade permanecem vivos em seus remanescentes.

Palavras-Chave: Comunidade Caldeirão, Autogestão, Economia Solidária

  1. Autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  2. Co-autor, Graduação (Cursando), UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI - UFCA
  3. Orientador, Doutorado (Concluído), UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC