Introdução: O Estado do Ceará abrange dois conjuntos hidrogeológicos distintos: as rochas cristalinas e as rochas sedimentares, nas quais ocorre a disponibilidade de água de boa qualidade em aquíferos. A maior reserva de água subterrânea do Ceará está localizada na bacia sedimentar do Araripe. No nordeste semiárido sedimentar, as águas subterrâneas são responsáveis pelo abastecimento dos municípios da região do Cariri, para o consumo humano e industrial nas áreas urbanas. Além disso, há uma grande utilização de água subterrânea nas áreas rurais por conta das atividades agropecuárias. O crescimento demográfico desordenado e a implantação de indústrias, projetos agroindustriais e a forma desorganizada de uso e ocupação do solo, tem colaborado para o agravamento dos problemas abrangendo os recursos hídricos dessa região. O gerenciamento dos recursos hídricos, hoje, é uma necessidade indispensável no tocante a disponibilidade de água de boa qualidade. A ausência de políticas públicas para o setor é um fato, que, aliado a carência na educação, ou seja, ao baixo grau de escolaridade e conscientização da população, só tem intensificado o problema. Outro fato que contribui de uma forma agravante é a falta de saneamento, transformando os rios e riachos em verdadeiros esgotos a céu aberto, comprometendo a qualidade das águas. Objetivo: Caracterizar a bacia sedimentar do Araripe no contexto hídrico relacionando-o às suas características ambientais. Metodologia: A metodologia adotada foi o levantamento bibliográfico sobre a Bacia Sedimentar do Araripe, constando do levantamento de informações qualitativas referentes à hidrogeologia, aspectos geoambientais e principalmente a qualidade dos recursos subterrâneos impactados por atividades antrópicas. Conclusão: A região destaca-se pelas condições hidrogeológicas da Chapada do Araripe e do Vale do Cariri que abrange as diversas condições de vegetação, solo e do clima, que caracterizam uma região de zonas úmidas dentro de um ambiente semiárido nordestino. No Cariri, as precipitações ocorrem de janeiro a abril, se estendendo até junho, representando a principal fonte de realimentação da umidade do solo, do fluxo dos aquíferos e dos rios. As águas drenam as sub-bacias hidrográficas do Alto Jaguaribe e do Salgado. Todos os constituintes da Bacia Hidrográfica do Salgado encontram-se interligados pelos riachos dos Porcos e Batateira, que são os maiores propagadores dessa integração. Os rios Granjeiro, Batateira, São José, Carás, Macacos e Timbaúbas, na região Crato-Juazeiro do Norte, o rio Salamanca, em Barbalha, o riacho Seco em Missão Velha, e o riacho dos Porcos que drena toda a região ocidental, são conectados ao sistema de águas subterrâneas livres. Atualmente, esses rios, em consequência do desenvolvimento urbano e industrial e da explotação de águas subterrâneas por meio de poços tubulares, deixaram de ser perenes e estão impactados pelo lançamento, nos centros urbanos, de efluentes de esgotos domésticos e efluentes industriais. As reservas de água subterrânea, apesar de renováveis, são limitadas. O contexto de exploração dos aquíferos na região pode exceder as recargas naturais, o que pode ocasionar intenso rebaixamento dos níveis d’água e interferências variadas entre poços. O rebaixamento do lençol freático pode ocasionar um acréscimo dos custos de bombeamento, redução do rendimento dos poços, possibilidade de recalque nos terrenos e, em casos extremos, exaustão dos sistemas aquíferos. Como consequência os poços passam a render muito menos, podendo até ser inutilizados. O uso e a gestão eficiente dos recursos hídricos na atualidade encontra-se comprometido pelo estágio atual da sociedade (a urbanização e a industrialização crescente, o consumo excessivo e o alto grau de desperdício, a não preservação das matas ciliares, a poluição e a contaminação através de efluentes lançados nos corpos d’água). Sendo, portanto, um dos recursos naturais mais afetados pelas diferentes formas de degradação ambiental.