XI Encontro de Iniciação Científica & X Encontro de Extensão

A Invenção do Contemporâneo: Ciência, Poder e Cultura na formação do mundo atual

Juazeiro do Norte - CE


ISSN 1984-1876Agosto/2018

LUTAR PARA SER: A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E OS MOVIMENTOS DE RESISTÊNCIA NO CARIRI CEARENSE

Maria Júlia Vieira Dantas1

Karoline Silva e Silva2

Aline Gomes Holanda3

Introdução: O presente trabalho apresenta uma análise acerca dos crimes contra a mulher no Cariri e da relevância dos movimentos feministas locais frente às constantes condutas misóginas na região, expondo os aspectos culturais envolvidos nos crimes de gênero na esfera caririense. Diante da questão da violência contra a mulher, faz-se mister elucidar os fatores que forjam o contexto deste tipo de violência. A opressão contra a mulher apresenta-se no âmbito social primordialmente mediante violência doméstica e assédio, manifestando-se por meio de danos físicos, morais e psicológicos. O feminicídio é o ápice dos casos desse tipo de violência negligenciada pela sociedade. Diante do exposto, é de caráter imprescindível analisar o papel dos movimentos feministas frente à violência contra mulheres, considerando-se que a mobilização social organizada promove a equidade de gênero, através da construção participativa de políticas públicas. Objetivo: O estudo teve como objetivo geral analisar o quadro da violência contra a integridade feminina e feminicídio na região do Cariri e as estratégias das organizações da sociedade civil para o enfrentamento deste tipo de violência. Especificamente, visou compreender características socioculturais que influenciam a prevalência dos crimes de violência contra a mulher na região. Metodologia: Quanto ao método, a pesquisa classifica-se como teórica e de abordagem qualitativa. Utilizou-se como estratégia de documentação indireta o levantamento bibliográfico. Conclusão: Após uma análise sistemática, foram obtidos os seguintes resultados: no que tange o contexto nacional, um levantamento recente evidencia que, no ano de 2017, houve 946 casos de feminicídio. De acordo com o mapa da violência de 2015, o Ceará figurou em terceiro lugar no que se refere ao número de homicídios contra mulheres no Nordeste. Quanto à violência contra a integridade feminina no Cariri, o Observatório de Violência e Direitos Humanos mostra que, em 2016, as cidades de Barbalha, Crato e Juazeiro notificaram 2299 casos, sendo que, em Crato, as taxas são superiores. Ao considerar esses índices, vale ressaltar que, só em 2017, foi implementada a categoria feminicídio no Sistema de Informação Policial, o que evidencia a dificuldade em comparar índices em relação a anos anteriores. Diante do quadro exposto, ressalta-se que a cultura centrada no machismo está na origem dos crimes de danos à integridade da mulher no Nordeste. Ainda que a objetificação e a desvalorização forjem a cultura local, há, por outro lado, uma tradição de organização e luta feminista para enfrentamento e resistência contra a violência. Na região caririense há os grupos INEGRA, União de mulheres Caririenses, Frente de Mulheres e o grupo Pretas Simoa (Frente de Mulheres Negras do Cariri). Esses movimentos lutam por democracia, abrindo espaço de emancipação feminina e diálogos diversos. Por meio de mobilização organizada, os grupos lutam pela efetivação de direitos, numa perspectiva feminista e anti-racista, atuando em frentes distintas que têm como meta combater a violência e reduzir os índices de casos de agressão contra a mulher e atingir efetivamente a igualdade de gênero.

Palavras-Chave: Violência contra a mulher, Feminicídio, Movimentos feministas

  1. Autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  2. Co-autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  3. Orientador, Mestrado (Concluído), UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE