Introdução: O presente trabalho versa sobre a atuação dos profissionais de Psicologia no contexto das Políticas Públicas de Assistência Social. Tal campo de atuação é recente e marcado por inúmeros desafios e limitações, mas também, por várias possibilidades de contribuições da Psicologia. Um dos aspectos que configura tal contexto como desafiador para a Psicologia é o caráter individualizante de algumas teorias psicológicas e uma atuação profissional historicamente voltada para as elites. Pois, ao se inserir nas Políticas Públicas de Assistência Social, os profissionais se depararam com demandas oriundas de sujeitos de classes populares e com expectativas de atuação pautada numa perspectiva psicossocial. No entanto, tais profissionais não vinham sendo preparados para atuar dessa forma, tampouco para lidar com as demandas dos usuários das Políticas Públicas. Objetivo: Objetivou-se no presente estudo identificar as possibilidades de contribuições da Psicologia no contexto da Políticas Públicas de Assistência Social, e os desafios que os profissionais enfrentam, em sua atuação profissional nesse contexto. Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo de caráter exploratório, realizado por meio de pesquisa bibliográfica. Dessa forma buscou-se artigos científicos disponíveis on-line na base de dados Cientific Eletronic Library Online – SciELO, bem como os referencias técnicos para atuação da Psicologia nas Políticas Públicas, elaborados pelo Conselho Federal de Psicologia - CFP, por meio do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas – CREPOP. Conclusão: Os dados acessados revelam redução de investimento, por parte do Estados, nas políticas sociais, o que tem impactado negativamente nas condições do trabalho que os profissionais de Psicologia se deparam. Estudos revelaram quantidade limitada de carros para as visitas domiciliares, inadequação da estrutura física dos equipamentos, bem como escassez de material para realização das atividade. Tal contexto, somado à histórica tradição individualizante, intimista e elitista da Psicologia tem configurado as Políticas Públicas como um cenário desafiador para a Psicologia. Tal realidade tem demandado uma revisão crítica de algumas teorias psicológicas, buscando-se análises pautadas na realidade concreta que os sujeitos usuários das políticas públicas estão inseridos. Diante de tal realidade, percebe-se a necessidade de os profissionais que atuam na Política Pública de Assistência Social ter um olhar mais amplo sobre o sujeito, uma vez que os usuários da política em questão, não se desenvolvem num vácuo social. Entender esses sujeitos a partir da realidade concreta na qual estão inseridos é um primeiro passo para identificar suas reais demandas. Estudos evidenciam uma potencial possibilidade de a Psicologia contribuir na efetivação dos direitos dos usuários das Políticas Públicas de Assistência Social, por meio de ações interdisciplinares e intersetorias, que superem ações pautadas no mero alívio do sofrimento psíquico, buscando-se conscientizar e promover protagonismo nos usuários, tendo como foco as condições de vida das pessoas e a pobreza estrutural, em detrimento de práticas assistencialistas ou repressivas. Considera-se que, apesar das limitações impostas pela própria Políticas Pública, a Psicologia tem avançado em seu projeto de superar o histórico comprometimento com as elites, mas faz-se necessário dar continuidade a esse processo, de forma a superar, de uma vez por todas, a perspectiva estereotipada de Psicologia como ciência que cura problemas íntimos de “ricos”, pois uma atuação pautada numa transformação social e efetivação dos direitos dos usuários da Políticas Públicas de Assistência Social, pode impactar significativamente na condição de vulnerabilidade social dos usuários, possibilitando uma vida mais digna para esses sujeitos.