XII Encontro de Iniciação Científica & XI Encontro de Extensão

Ceará: terra da Luz, da Ciência e da Tecnologia

Juazeiro do Norte - CE


ISSN 1984-1876Setembro/2019

A construção social da figura materna: relações de gênero e modificação nos papéis sociais da mulher-mãe

Sara Juliana da Silva Taveira1

Maria Raiana Oliveira Lima2

Francisca Lívia da Silva3

Priscila Ribeiro Jeronimo Diniz4

Introdução: O presente trabalho visa elucidar a construção histórico-social acerca da maternidade e o que a caracteriza, direcionando um olhar crítico sobre a sua romantização, como também, a imposição cultural feita desde a infância da mulher ao papel desempenhado enquanto adulta. Historicamente, a maternidade sempre foi vista como uma condição inerente ao gênero feminino, em que a mulher está biologicamente determinada a ser mãe, sendo o seu corpo a matéria prima de uma ideologia patriarcal (Grisci, 1995). Diante disso, construiu-se uma noção romantizada da figura materna, no qual a mulher-mãe é vista como sagrada, sendo assim, a atividade mais sublime da vida de uma mulher. Desse modo, a maternidade sempre foi vista como uma forma da mulher ser reconhecida e valorizada. Ainda nesta perspectiva, é necessário ressaltar os diferentes tipos de papéis desempenhados pela mulher, seja ela mãe ou não, uma vez que a responsabilidade que gira em torno dela relaciona-se com um ideal de mãe a ser seguido, como uma generalização atribuída que ignora a subjetividade que cada uma possui. É importante debater essas questões por serem raramente discutidas e que reflete numa invisibilidade acerca dos fenômenos que envolvem a maternidade, especialmente a respeito da profissionalização das mães. Objetivo: Analisar e contextualizar crítica e historicamente o impacto das construções sociais acerca da figura materna e discutir os fenômenos que perpassam o cotidiano das mulheres-mães. Metodologia: Trata-se de um estudo teórico, de natureza qualitativa, realizado por meio de pesquisa bibliográfica. Conclusão: A inserção no campo educacional e profissional da mulher, se deu por volta do século XX, a partir do processo de urbanização que marcou uma nova etapa do capitalismo, assim como mudanças e redefinições de papéis sociais de homens e mulheres (Silva, 2009). Desse modo, a mulher que antes existia apenas no espaço privado do lar, passa a reivindicar sua inserção nos espaços públicos, antes reservado apenas aos homens. Mesmo com os avanços em relação aos demais papéis sociais que uma mulher pode ocupar, segundo Grisci (1995), as mulheres são construídas para serem mães, em detrimento de qualquer outra atividade que venha a exercer. Sendo assim, a maternidade muitas vezes pode ser vivenciada como o próprio trabalho de uma mulher, um exemplo claro disto está na expressão “mãe de tempo integral”. Essa romantização da maternidade é constantemente disseminada por agentes legitimadores, que podem ser homens, especialistas, educadores e até mesmo outras mulheres (Grisci, 1995). Embora no decorrer nos anos tenham surgido grandes mudanças significativas nas relações de trabalho bem como outras atividades da mulher-mãe fora do contexto do lar, essas crenças disseminadas socialmente sobre a figura materna, podem causar a culpabilização da mulher, podendo impactar negativamente nos outros papéis que possa ocupar na sociedade. Diante disso, ressalta-se a importância de uma rede de apoio social que de acordo com Rapoport e Piccinine (2006), favorece a responsividade materna, principalmente em condições estressantes. Esta rede pode ser entendida como a família, os amigos ou o poder público e, dependendo do contexto de cada mãe, pode ser uma orientação, ajuda prática ou até mesmo, uma palavra de carinho (Rapoport; Piccicine 2006). Portanto, pode-se dizer que a rede de apoio social impacta positivamente na maternidade, podendo minimizar a culpabilização da mulher e ampliar suas possibilidades de vivência dos outros papéis sociais, como trabalho e estudo. É importante a implementação de políticas públicas que contem com uma atuação multiprofissional para atender as demandas da mulher-mãe desde sua gestação, assim como também das crianças, visando uma melhor qualidade nas relações tanto mãe e filho, como também da mãe enquanto mulher, trabalhadora, estudante, entre tantos outros papéis, dotada de uma subjetividade que está para além de uma imposição social.

Palavras-Chave: Maternidade, Relações de Gênero, Papéis Sociais

  1. Autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  2. Co-autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  3. Co-autor, Graduação (Cursando), FACULDADE PARAÍSO DO CEARÁ - FAP
  4. Orientador, Doutorado (Cursando), UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB