Informações do artigo


PROBLEMATIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO EM PSICANÁLISE E PSIQUIATRIA, ATRAVÉS DA OBRA "O ALIENISTA", DE MACHADO DE ASSIS

Sabrina Mirelly Alves Pereira

Leonil Nunes do Prado Junior

Psicologia

2022

Diagnóstico; Psicanálise; O Alienista; Diagnóstica; Psiquiatria.

RESUMO
O presente estudo busca problematizar o diagnóstico em Psicanálise e Psiquiatria através da
obra O Alienista de Machado de Assis. Tendo entre os seus objetivos diferenciar as formas de
diagnosticar na Psiquiatria e na Psicanálise, e de analisar o papel da diagnóstica em
psicanálise através do conto. Buscou-se fundamentos teóricos na psicanálise, utilizando-se do
método psicanalítico, entre suas especificidades tem o fato de que as pesquisas com o método
psicanalítico requer um pesquisador psicanalista atuante e apresenta uma íntima relação com
a experiência clínica, em que há a escrita da clínica analítica, incluindo, além da sua mera
descrição, a sua teorização. Desse modo, foi realizada a leitura da obra, lançando mão da
atenção flutuante, tendo o alienista como paciente/analisando, para assim chegarmos a sua
hipótese diagnóstica. Entre os resultados obtidos estão as principais diferenças entre o modo
como o diagnóstico é produzido por tais saberes, em que na psiquiatria do DSM o diagnóstico
constitui-se um ato médico estritamente descritivo e classificatório, enquanto na psicanálise
ultrapassasse a sua sintomatologia e, então, circunscrever o sintoma e a fantasia nele
implicados, privilegiando a escuta dos sujeitos, as classes psicanalíticas distinguem-se das
categorias do DSM por serem ‘não-todas’, pois seus elementos, ao mesmo tempo, pertencem
e não pertencem a um dado conjunto, pois não consegue abranger um sujeito em toda sua
singularidade. Chegando a hipótese diagnóstica do alienista, estando localizado no discurso
histérico proposto por Lacan, no discurso do alienista, é possível notar que há uma demanda
de saber, e que se prima por ela, porém há pouco interesse pelas verdades de seus “pacientes”
tendo como via sintomática a tentativa de manter seu desejo insatisfeito, colocando seu gozo
no lugar da verdade, lidando assim com a falta de objeto, a falta de gozar. As conclusões deste
estudo têm-se a medicalização associada aos discursos de poder, bem como visões de mundo
a serviço do neoliberalismo.