O presente trabalho busca, através da literatura psicanalítica, entender como se dá o ato mal
sucedido do analista fundado em uma interpretação prévia, sugestiva e equivocada na clínica
contemporânea – na sua base, referenciando o texto “Psicanálise Selvagem” (FREUD, 1910).
Dessa forma, vamos descrever como o ato analítico deve ser executado no processo de análise,
sendo viável apontar como se dá o ato equivocado do analista, bem como, a essencialidade de
identificar as prováveis consequências e possíveis prejudicados de uma análise mal sucedida,
esta que trará resguarda em si, resíduos de um discurso parasitário. Nesse sentido, sabemos da
importância de discutir a temática “psicanálise selvagem” e seus desdobramentos nos dias
atuais, sua implicação no dispositivo clínico, efetuando aberturas para outras formas de
selvageria para além da clínica pós-freudiana. Sem dúvida, este ato deturpa uma prática secular
que surgiu como proposta dar voz aos “des-escutados(as)” de sua época. Nesse caminho,
fizemos um percurso histórico da clínica psicanalítica para diferenciá-la deste tipo de prática,
que está exilada da ética em Psicanálise. Foi possível a partir das problemáticas que permeiam
esse fazer, realizar um estudo baseado na metodologia de pesquisa em Psicanálise, esta que não
se encaixa no panorama científico de pesquisas convencionais, justamente por errar o referente
– o homem da razão. Pois, o homem da ciência é uma mera especulação da ciência positivista
a partir do cogito de Descartes, que tende por seu viés vislumbrar seu objeto em sua totalidade,
a título de exemplo os já pactuados métodos quantitativo e qualitativo. Sobretudo, quando
pensamos a noção da hiância do inconsciente, bem como, levando em consideração a
singularidade do sujeito coagido a partir da determinação significante, não podemos defini-lo
em sua totalidade e sim em sua parcialidade, que se apresenta no momento de sua manifestação.
Sendo assim, a proposta de pesquisa em psicanálise – um estudo atravessado pela falta – esta
negligenciada pela ciência. Isto posto, podemos dizer que as interpretações em forma de
selvageria se estenderam para outras esferas da sociedade além da clínica, até as instituições, o
ciberespaço e até conversas corriqueiras que ao invés de colocar-se em posição de ajuda,
acabam prejudicando os envolvidos que necessitam de uma escuta pautada na verdade que o
mesmo possui. Concomitante, buscamos evidenciar as consequências desses atos, os possíveis
prejudicados e o efeito produzido enquanto discurso perpetuado numa prática de modelo
parasita. Este que se instaura de forma implícita e de maneira nociva prejudica as relações.