A Esclerose Múltipla é caracterizada como uma doença autoimune, crônica e
neurodegenerativa do sistema nervoso central, consiste na desmielinização dos axônios,
causada pelas próprias células de defesa do organismo (BARTOSIK-PSUJEK; PSUJEK, 2019;
WASNIK et al., 2020), afetando adultos jovens e de meia-idade, especialmente mulheres
(ZAHOOR; HAQ, 2017).
A estimativa do número de pessoas com Esclerose Múltipla em todo o mundo
aumentou para 2,8 milhões em 2020, um aumento de 30% nos últimos 7 anos. A prevalência
global em 2020 é de 35,9 por 100.000 pessoas, sendo que apenas 14% dos países retratam
prevalência estável ou em decaimento. Ressalta-se que o número de mulheres que desenvolvem
a EM em relação aos homens é na proporção de 4:1 (WALTON et al., 2020).
Os sinais, sintomas e a progressão da EM podem se apresentar de maneiras diferentes
de indivíduo para indivíduo, e sofrem grande influência a depender do local da lesão do sistema
nervoso central. Na ausência de causas concretas para o surgimento dessa doença, alguns
pesquisadores propõem fatores de risco, tais como: tabagismo, histórico familiar, clima,
ambiente, exposição a agentes infecciosos, pouca exposição à luz solar e alimentação
(GHAREGHANI et al., 2018).
Nesse sentido, existem várias teorias de que a alimentação pode causar benefícios
sobre a inflamação e neuroproteção que leva ao desenvolvimento da EM. Além disso,
alimentação afeta diretamente no peso corporal, níveis de colesterol e outros fatores que afetam
o risco de desenvolvimento e o curso da doença, a exemplo do baixo consumo de vitamina D
(SAND, 2018).
A vitamina D é um hormônio esteroide que desempenha diversas funções no
organismo, a exemplo da absorção e manutenção das concentrações de cálcio e fósforo,
ativação de linfócitos TCD4, inibe a produção de citocinas pró-inflamatórias por promover a
diferenciação de monócitos, neuroproteção por meio da síntese de neurotransmissores e
diferenciação celular (SHANG; SUN, 2017).
Nessa perspectiva, a literatura tem evidenciado que a vitamina D foi apontada como
um fator importante contra o desenvolvimento da Esclerose Múltipla, a partir do momento em
que foi observado que a doença era mais prevalente em países de alta latitude, onde as pessoas
teriam menor exposição ao sol. Esse risco pode diminuir com a ingestão de alimentos fonte de
vitamina D e aumentar em pessoas que mesmo residindo em países de latitude baixa, não
tenham exposição ao sol (RAMETTA; REDER; SINTZEL, 2018).
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Diante do que foi exposto, é importante mencionar o papel da nutrição no tratamento
da Esclerose Múltipla e discorrer sobre os efeitos que a vitamina D, pois se trata de uma doença
incapacitante e que não tem cura. Assim, torna-se necessário ter alternativas para diminuir as
lesões causadas pela patologia, bem como, saber quais as consequências que a suplementação
excessiva desse nutriente pode acarretar na saúde do paciente.