Segundo a FAO (Food and Agriculture Organization), estima-se que em 2050 a
população mundial alcance o número de 9,1 bilhões de pessoas, 34% a mais do que
temos hoje. Como resultado, estima-se que para suprir tamanho aumento
populacional a indústria alimentícia necessite aumentar em 70% sua produção,
desencadeando um aumento de mais de 200 milhões de toneladas na produção anual
de carne (FAO, 2017).
Se tratando do aumento de produção cárnea, é inevitável citar o impacto deste
sobre a economia brasileira. Segundo pesquisa divulgada pela Embrapa/SGI
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/Sistema de Informações Geográficas),
em parceria com o MAPA, no Brasil o setor agropecuário contribui com 22,5% do PIB,
sendo que em 2016 o valor bruto de produção chegou a 156,42 bilhões de dólares,
com uma produção equivalente a 26,35 milhões de toneladas só de produtos cárneos
(EMBRAPA, 2017).
Ademais, é sabido que desde 2003 a implantação das Boas Práticas de
Fabricação é obrigatória para qualquer estabelecimento em que haja
manipulação/produção de alimentos. Isso se dá principalmente devido à preocupação
com a segurança do produto. De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil são
notificados a cada ano uma média de 700 surtos de Doenças Transmitidas por
Alimentos (DTAs), com envolvimento de 13 mil doentes e 10 óbitos, em grande parte
causado principalmente por bactérias, especialmente pela Salmonella, dados que
potencializam cada vez mais a necessidade de estratégias de promoção da saúde e
segurança na indústria de alimentos (BRASIL, 2021; COELHO; TOLEDO, 2017)
É perante esse cenário, com o aumento da preocupação com a qualidade e
segurança dos alimentos que surge a necessidade de elaborar diferentes estratégias
de gerenciamento de qualidade a exemplo das Boas Práticas de Fabricação (BPF),
que tem como objetivo garantir a inocuidade do alimento e saúde do consumidor geral
(OLIVEIRA et al., 2021; BUZINARO; GASPAROTTO, 2019).
Diante disso, este trabalho justifica-se pela importância da implantação do BPF,
como uma estratégia de gestão de qualidade em uma Casa de carnes, visando
promover a higiene, segurança e qualidade do produto final até sua entrada na mesa
do consumidor.