Trata-se de uma pesquisa teórica em Psicanálise, voltada ao tema adoção e sua relação com o
desejo na constituição do sujeito. O interesse sobre a temática surgiu mediante um desejo
particular implicado no processo de adoção, tanto como sujeito adotado quanto parte da
experiência que a família carrega ao inserir seus filhos biológicos e adotivos no mundo. Além
disso, parte desta investigação se dá pelo modo em que é estruturado o inconsciente como
linguagem, questões que fizeram com que o objetivo do estudo fosse descobrir qual a
contribuição psicanalítica ao trazer pesquisas acerca do tema adoção, bem como a
problemática estigmatizante do processo que traz em seu núcleo os principais sujeitos que
sofrem preconceitos, crianças e adolescentes. Assim, a escrita desenvolveu-se recorrendo ao
arcabouço fundamentado na teoria freudolacaniana, sendo possível estabelecer uma relação
transferencial a partir do campo de investigação e a literatura presente. Os resultados
encontrados trazem o desejo, conceito psicanalítico lacaniano, como motor que impulsiona
não só o processo de adoção pela parte de quem deseja adotar, como de quem deseja ser
adotado, mas relacionado com a falta, o que diz sobre a noção de que o desejo humano não é
apenas possuir tal objeto, mas vincular o desejo ao desejo do Outro, de modo que o sujeito é
inserido numa ordem simbólica marcado pela função da linguagem. Além disso, evidenciam a
partir de dados atuais que a adoção enfrenta atrasos em seus processos que correspondem a
busca pelo perfil ideal para se adotar uma criança ou adolescente. Conclui-se que a adoção
está entre(laçada) às esferas jurídica, social e, sobretudo, do campo do desejo, o que a
caracteriza por motivações diversas para que se recorra ao Judiciário e efetive a vinculação
familiar. Esse processo está sujeito a falhas que afetam diretamente os sujeitos adotados ou
aqueles que ainda aguardam um lar, sendo necessário, portanto, um acompanhamento
multiprofissional eficaz que busque solucionar seus entraves.