A presente pesquisa contempla a temática da violência doméstica contra a mulher, sobretudo
a violência psicológica, a partir de uma perspectiva da Gestalt-Terapia. É uma forma de
violência mais conhecida pela sua invisibilidade, principalmente por ocorrer na esfera privada
e por não deixar marcas físicas na vítima; no entanto, é considerada a mais frequente e a
menos denunciada. O estudo teve como objetivo geral analisar a experiência de violência
psicológica contra a mulher, através das narrativas autobiográficas de Maria da Penha Maia
Fernandes pela ótica da Gestalt-Terapia. Foi utilizado o método fenomenológico de
investigação em Psicologia na análise do livro “Sobrevivi... posso contar” (2012), que narra a
história de violência doméstica vivida pela Maria da Penha e suas filhas. Constatou-se que a
violência psicológica esteve presente em todas as fases de violência doméstica, e antes mesmo
de qualquer agressão física, houve um processo de sofrimento e desestabilização da vítima. É
uma temática relevante, considerando a promulgação da Lei nº 14.188/2021 que tipifica e
criminaliza a violência psicológica contra a mulher, já prevista anteriormente na Lei Maria da
Penha. Contudo, passou-se a incluir no Código Penal Brasileiro, a pena de reclusão de 06
(seis) meses a 02 (anos) e multa, visto que a Lei Maria da Penha apresentava fragilidades no
que diz respeito às situações de violência psicológica contra a mulher. Além disso, ressalta-se
a necessidade de um olhar mais atento e direcionado à saúde mental da mulher violentada
psicologicamente.