O advento das técnicas de imageamento cerebral funcional e o subsequente refinamento dos
estudos no campo das Neurociências têm favorecido importantes descobertas acerca das
mudanças nas estruturas neurais promovidas pela Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC),
e, sobretudo, no entendimento dos correlatos neurais interligados aos quadros psicopatológicos.
O presente trabalho tem como objetivo apresentar um enfoque integrativo entre essas duas áreas
e revelar como juntas elas podem contribuir para uma compreensão neurobiológica e
biopsicossocial dos transtornos mentais, por meio das evidências de alterações
comportamentais e neurais decorrentes das intervenções em TCC. Para tal, desenvolveu-se uma
revisão bibliográfica de cunho exploratório acerca dos principais aspectos e conceitos básicos
da TCC, da neuroplasticidade, e sobre a associação e colaboração entre este modelo de
psicoterapia e as neurociências. Tais pesquisas contemplaram produções em português e inglês,
publicadas no período compreendido entre 2004 e 2022. Nesse ínterim, evidenciou-se que as
estratégias utilizadas pela psicoterapia cognitivo-comportamental permitem a modificação e
adaptação dos pensamentos e das crenças distorcidas dos indivíduos, e que a partir dos
estímulos proporcionados ao longo do tratamento o cérebro torna-se capaz de sofrer
modificações plásticas nas suas estruturas e estabelecer novas conexões. Portanto, foi
constatada a relação entre as mudanças neuroanatômicas e funcionais com as alterações
cognitivas e comportamentais decorrentes da terapia, sendo notável o papel de diversas áreas
cerebrais como o córtex pré-frontal e as estruturas do sistema límbico no processamento de
informações e na regulação das emoções em sintomatologias clínicas. A partir disso, pode-se
afirmar que a integração dos conhecimentos no campo da Neurociência Cognitiva ao tratamento
na Terapia Cognitivo-Comportamental é de grande valia para o desenvolvimento de
intervenções alinhadas aos quadros psicopatológicos e especialmente para o reconhecimento da
eficácia do tratamento baseado em evidências científicas.