O Biopoder, definição realizada e estudada, pelo filósofo Michel Foucault (1978),
constitui um modus operandi, em razão de uma posição exercida, por quem
detém o poder, hierarquizado, para comandar uma realidade política, como a
conhecem. Dentro dessa perspectiva, é decorrente dele, o termo de Estado de
Exceção, sobre como os corpos são expulsos de seus espaços e passam a criar
uma nova forma, por meio de atitudes da exceção, que é a suspensão do próprio
direito, esse controle decide quem vive ou morre nas cidades, sendo a chamada
Necropolítica. Com isso, o Estado, em sua permanência na suspensão da
norma, vira regra, para lidar com todas ocorrências consideradas ameaças, que
são aqueles definidos como inimigos do governo, gerados em um sistema
neoliberal, em que é preciso haver um alvo, a insegurança, que caracteriza o
capitalismo parasitário. A partir do presente estudo, busca-se analisar como a
institucionalização dos Campos de Concentração cearenses de 1932,
influenciaram a partir do biopoder, na manutenção da política atual, enquadrando
as formas de poder, hierarquia, com cortes de classe, fatores econômicos,
sociais ou políticos, que instigaram a permanência da biopolítica até os dias mais
recentes, realizando o estudo das caracterizações dos campos de concentração,
a identificação de importantes contextos históricos até a promulgação da
Constituição Federal de 1988 e o exame da manifestação do biopoder na política
atual. Para isso, o método de abordagem utilizado neste estudo foi o dedutivo,
com abordagem qualitativa, enquanto para o tipo de pesquisa, utiliza-se a
bibliográfica, com o levantamento de escritos, obras literárias e artigos
científicos. Quanto ao método de procedimento, será utilizada a técnica-
documental indireta. Expondo como referência histórica o início da seca, para o
advento da instauração dos campos de concentração, em 1932, no Estado do
Ceará, apresentando como a calamidade climática, tornou-se política, social e
econômica, para, enfim, resultar em um poder de invisibilizar os flagelados que
são sujeitados às condições de miserabilidade. Indicando o conceito do autor
Giorgio Agamben para, inserir no contexto de Ditadura Militar, o estudo é
direcionado para o exercício do biopoder em uma sociedade de controle, que é
o neoliberalismo, a insegurança produzida pelo mesmo, assim como seus
elementos de capitalismo e a disciplina de toda a população que é vigiada em
todos os momentos. Ao final, se chega à conclusão de que a fundamentação
para a institucionalização dos currais do governo de 1932, no Ceará, tem em
vista uma suspensão do direito, produzido pelo Estado de Exceção, em governo
de necropolítica, como aconteceram nas concentrações, a política atual em que
o ganho capital, é priorizado acima de qualquer atitude, com prevalecimento do
apagamento de corpos, os indesejáveis, flagelados e grupos socialmente
excluídos, por meio do biopoder.